"SER SOLIDÁRIO" - 13/09/2023
Ser solidário

Quantas vezes no passapalavra refletimos, meditamos e tentamos viver como pessoas solidárias.
É a partir destas pequenas experiências vividas por cada um de nós que podemos propor novos intuições e ideias, que me parecem sempre atuais e esclarecedoras.
Refiro-me, por exemplo, a três expressões da nossa vida, que são parte essencial do nosso ser solidários: “o olhar, o ouvir e o colocar a mão no coração”.
Solidariedade vivida concretamente que, antes de se tornar um programa de ajuda e de caridade, se torna uma nova forma de olhar e de escutar até alcançar uma presença profunda do coração.
E isto não só com as pessoas, mas com toda a criação e todos os seres, porque a solidariedade deve surgir da convicção de que fazemos parte de um mundo onde todos dependemos de todos os outros.
Talvez nunca tenhamos pensado que quando colhemos uma flor, nos inebriados do seu perfume, o colocamos em um vaso para embelezar a casa e depois a jogamos fora quando murcha, estamos fazendo com que falte o néctar a um beija-flor; a matéria-prima do seu mel para a abelha e vamos deixando o jardim mais pobre e mais feio...
Ser solidário é antes de tudo uma questão de coração.
E é nesta luz que devemos redescobrir e fortalecer todas as nossas relações.
Nestes tempos de tragédias contínuas que nós próprios estamos causando com as guerras, para não falar dos muitos desastres, terremotos e inundações que hoje ocorrem quase todos os dias em todos os pontos da terra, os apelos à solidariedade estão presentes em todos os momentos. Claro: vamos fazer o que pudermos; colaboramos na medida do possível para dar uma família a quem a perdeu, um lugar e uma casa para morar a quem já não tem mais, uma refeição, um vestido e um sorriso e quem sabe, uma pátria para quem não tem mais uma.
Os três verbos da nossa vida de cristãos devem sempre iluminar as nossas escolhas.
1. Em primeiro lugar o nosso “Olhar”; mas olhando com os olhos de Deus, capazes de ver a sua presença em cada lugar onde as pessoas sofrem, para lhes devolver a coragem, a esperança e a vontade de retomar o caminho.
2. O verbo "Escutar".
Uma escuta verdadeiramente sincera; a escuta do Deus da Bíblia que não se cansa de ouvir o clamor do seu povo.
3. E, finalmente, um gesto que me agrada muito: “colocar a mão no coração”, sem medo de abri-lo demais, ou melhor, escancara-lo todos os dias, para que os Jesuses sofredores ao nosso redor possam encontrar acolhida e solidariedade em isto.
Assim o nosso ser solidários torna-se ajuda concreta para todos.
Muitos de nós já tivemos a graça de estarmos presentes em momentos e situações deste tipo e certamente tivemos a experiência de sairmos melhores, mais irmãos, mais felizes.
Todos nós também o esperamos de todo o coração, precisamente como fruto das relações de solidariedade nascidas e consolidadas segundo as possibilidades que as circunstâncias nos oferecem.
Até agora já ouvimos dizer de mil maneiras que somos “ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore, flores do mesmo jardim”.
Coragem então; para "ser solidário" não é preciso sabe-se lá o quê; pode ser suficiente um olhar sincero, uma escuta afetuosa e solidária, um coração aberto pelo amor: simples expressões do corpo podem ajudar muito.
Mesmo em casa, nós, com uma certa idade, podemos ser solidários, fazendo dos nossos sofrimentos e patologias uma oferta e uma oração a Deus, colaborando assim à corrente de solidariedade que, apesar de tudo, envolve o nosso mundo. Vamos dizê-lo ao Senhor ainda agora: “Senhor, estou aqui: como sou, com tudo o que tenho, com tudo o que posso: aqui estou!
Amém”.
Pe. Nino Carta
13.09.2023