“ACOLHER A CRUZ COM DETERMINAÇÃO” - 14/09/2023
Acolher a Cruz com Determinação

Diante do passapalavra de hoje, no primeiro impacto me senti inquieto e quase um pouco incomodado.
Parei como se estivesse bloqueado, até que não entrei na ponta dos pés e consegui descobrir com um pouco de dificuldade, que o “foco” da proposta de Jesus não é “tomar a cruz”, mas o “vem e segue-me”.
Na verdade, não foi a cruz que nos salvou, mas o Crucifixo: Deus na cruz por amor!
Estão lembrados? : “Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”
(Mt. 16, 24).
“Se alguém quiser vir após mim”: aqui é o segui-lo que dá sentido a tudo e à compreensão do Paraíso que ele nos quer oferecer.
Mas por que segui-lo? Por que ir atrás dele com paixão e dar a Ele a nossa vida?
Talvez, porque nos apaixonamos pelos seus pensamentos, pelas suas ideias, pela descoberta de um outro caminho religioso na história, como já existiam tantos antes dele?
Não! Não....
Mas porque só Nele encontramos a felicidade, uma vida que não passa, uma proposta que vem do paraíso, porque só Ele é o nosso paraíso.
É claro que as condições para segui-lo são de espanto vertiginoso e contínuo porque vão contra toda a lógica humana:
1. Renegar a nós mesmos:
Palavras muito perigosas se mal compreendidas. Na verdade, Jesus não quer que o sigam pessoas frustradas ou que sabem sofrer como estoicos, mas pessoas cheias de vida, bem-sucedidas, realizadas, realizadas, felizes.
Renegar-se não significa mortificar a própria pessoa, jogar fora talentos e capacidades, mas descobrir e abrir o coração à verdade de que o mundo não gira em torno de nós, mas que devemos ser nós que giramos em torno dos outros.
O convite a sair de si mesmo é uma verdadeira revolução copernicana do Espírito, que nos abre a um mundo não de mortificação, mas de libertação e, portanto, de liberdade.
2. E ainda: “Tome a sua cruz”!
Mas não como uma exortação à resignação ou ao contínuo e doloroso sofrer com paciência.
O famoso “ite si cherede faghere” (fazer o quê!) da nossa língua sarda que nos leva por isso a aceitar e suportar passivamente as inevitáveis cruzes da vida: Não!
Jesus não nos pede para suportar, mas nos convida a “tomar” a nossa cruz. Portanto, não à sofrê-la passivamente, mas à acolhê-la ativamente.
Acolher a cruz significa, portanto, seguir Jesus, tentando viver uma vida que se assemelhe cada vez mais à sua. E Nele a cruz é o resumo da sua vida, para conseguir passar de criaturas sem perspectivas à pessoas realizadas, pacificadoras e cheias de amor.
Porém, é fundamental para isso substituir a palavra cruz, mesmo no nosso passapalavra de hoje, pela palavra Amor: “Quem quiser vir após mim, tome 'o seu amor' com determinação”, ou seja, com todas as nossas forças e tudo de nós mesmos.
Um amor que tem sempre como preço a cruz e que nos abre o horizonte da verdadeira aventura divina na história, que é colocar nela cada vez mais amor, apesar de encontrar nela sempre ....espinhos e feridas.
Porem o fim de tudo, o horizonte dos horizontes é encontrar a vida; “a Vida que não passa!”.
Acolher e tomar a cruz por esta razão é sempre um início de florescimento; um ver uma nova vida brotar e despontar; uma perder para reencontrar em plenitude.
A lei íntima da Cruz e do amor é sempre a mesma: nos enriquecemos quando damos; mas se retemos para nós, nos empobrecemos.
Isso exige determinação? E como se exige!
A mesma determinação de um Deus que toma a sua cruz........
Vamos então rezar para Ele: hoje até a liturgia celebra a memória da Santa Cruz!.....
Mas isto já é começo de paraíso!
Pe. Nino Carta
14.09.2023