"VIVER COM FÉ" - 07/10/2023

A experiência de viver com fé me remete ao trecho evangélico de Marcos 5,22-43, a uma casa muito importante de Cafarnaum, onde a morte está chegando dominadora e quase vitoriosa.

    Uma casa importante, mas incapaz de garantir a vida de uma menina, tanto que Jairo sai de casa em busca de Jesus e, encontrando-o, se joga aos seus pés: “Minha filhinha está morrendo, venha e imponha as mãos sobre ela para que ela possa ser salva e viva".

     E eis aqui as etapas do amor que levam à fé:

      1- Para ajudar o homem a percorrer os caminhos da fé, Jesus antes de tudo sente compaixão e dor pela dor do homem; escuta o seu grito, interrompe o que estava fazendo mudando os seus planos vai caminhando com ele.

         Viver com fé: Jesus ensina-nos assim que estar com a dor dos outros é um dos gestos cristãos mais revolucionários e proféticos, porque o caminho do coração é feito de consolação, caminhando com Jairo em lágrimas rumo à sua casa.

     2- E eis a segunda etapa do viver com fé: estar presente onde alguém caminha e sofre.

    É o mesmo caminho do homem que desce de Jerusalém até Jericó; é o caminho da vida ameaçada e atacada, o caminho das fronteiras do viver.

    Jesus parte sem falar nada, porque a dor precisa mais de presença e de partilha do que de explicações.

    É inútil tentar explicar o sofrimento aos outros; eles o compreenderão caminhando juntos com o coração aberto para acolher e consolar as suas feridas.

   Caminhar verdadeiramente juntos é o início de um caminho de esperança que lentamente conduz à fé.

     3- E eis as notícias e os gritos vindo da casa de Jairo: “Ela está morta...”, que parecem fazer cair as últimas esperanças.

    Mas Jesus os transforma em mais um passo no caminho da fé: “Não temas, apenas tenha fé”.

         Mas fé em quem? Na vida?

Não: a vida sucumbe no duelo com a morte, porque não é a vida que vence a morte, mas o amor!

     Deve ser por isso que Jesus, ao chegar à casa de Jairo, cercou-se de pessoas que entendiam um pouco de amor: o pai, os três discípulos preferidos e a mãe da menina, que apesar de tudo continuam a ter fé e a acreditar que Deus é fonte de vida que nunca para de jorrar.

    4- E eis o quarto momento, chegando em casa em meio a comoção, gritaria e choros: “Não chorem, a menina não está morta, mas dorme”.

                                         A nossa pequena fé chama de mortos aqueles que adormeceram no Senhor, enquanto a fé nos diz que eles estão vivos, na casa do céu e do amor... e nos estão esperando.

    E eis então as palavras de fé “Talita Kum” e o dar a mão à menina para ajuda-la à levantar-se, que quase fazem desaparecer o espanto e a emoção, convidando a mãe à normalidade: “Dê-lhe algo para comer...".

    Viver com fé é fazer com que os momentos mais maravilhosos da vida se tornem normais, porque a fé tem o dom de fazer com que a experiência do amor se torne normal dentro de nós e ao nosso redor, levando-nos ao conhecimento do coração mais do que com demonstrações teóricas.

     Quando acontece que alguém me pede explicações sobre a fé, sinceramente muitas vezes fico sem respostas; mas é-me imediatamente natural dizer o que procuro viver: "Mais do que dar-vos explicações sobre as verdades em que acredito, quero dizer-vos o que sinto no meu coração: "Vivendo com fé sou um sacerdote feliz! ".

     Sim, é isso mesmo; porque acreditar me leva a amar e amar nos faz felizes!

Pe. Nino Carta

07.10.2023